O nome Monty Python
não significa muito para nós brasileiros, mas a fama do grupo de comédia dos
anos setenta e oitenta é incomparável pelo mundo. Considerados os Beatles do humor por seu humor influente
e sua série Monty Python Flying Circus –
se isso não fosse suficiente, o grupo tem dois dos melhores filmes de humor da
história, que sempre figuram no top três de melhores comédias de todos os
tempos – Holy Grail e Life of Brian. Por
outro lado o filme que trago da trupe é o último trabalho de Monty Python até o
presente dia, e embora não tão grandioso quanto os outros, é o mais cerebral de
todos os quatro filmes do time.
The Meaning of Life
é o mais critico trabalho do grupo, e toma para si a responsabilidade de tentar
responder de forma bem humorada a mais impertinente pergunta da humanidade: Afinal,
qual o sentido da vida? Uma resposta que o grupo de fato não tem uma resposta,
mas fazê-lo pensar será o suficiente – e cheio de acidez e críticas a religião,
as formas de governo e as formas de preconceito existentes.
O filme foi dirigido por Terry Gilliam e Terry Jones, ambos
membros do grupo Monty Python – o primeiro tem como trabalho recente mais
conhecido o filme “Irmão Grimm” – e pode-se dizer que fizeram um excelente
trabalho. Em comparação aos outros três filmes do grupo, The Meaning of Life é
o mais bem produzido e bem fotografado de todos – e com menos escorregões de
edição, com animações mais bem produzidas por Gilliam e com pouco a ser
desconsiderado. O filme foi separado em capítulos que cobrem desde o nascimento
até a morte, passando a tentar entender os sentidos de cada fase da vida.
Em humor o filme não deve nada em comparação a algo que
Monty Python tenha feito – e veja bem, superar dois dos melhores filmes de
todos os tempos é um trabalho inglório – e certamente o filme lhe arrancara o
sorriso claro, com a tristeza de saber que esse é o último grande trabalho do
grupo. Em críticas, o filme crítica de forma irônica diversas escolhas das
pessoas, tais quais as opções da Igreja Católica e o sentimento de
superioridade dos protestes, além de ironizar com a música “Todo esperma é
sagrado” a taxa de natalidade devido a opção da igreja. Antes de considerar o
filme uma heresia, é bom lembrar que o filme não se limita a isso – o jeito
pomposo dos ingleses, a forma como a educação sexual é abordada, o desleixo
governamental ao nascimento também são alguns dos alvos.
O grande deslize do filme ocorre em uma sketche específica,
com um humor escatológico que não agrada nem mesmo os fãs do humor mais
exagerado. É um ponto fora da curva, e que na verdade não acrescenta nada ao
filme, e sequer tenta explicar algo
sobre a proposta do filme. Ponto que inclusive é importante citar – o filme
eventualmente foge de sua proposta para
fazer humor, e exceto pela cena citada acima, é um ponto de fuga para as
reflexões tão propostas pelo filme.
O filme traz todos seus questionamentos de forma pertinente,
questionar a sua existência e ironizar situações como a guerra já são esperados
de Monty Python – e o auge certamente está na grande canção do filme, a “Galaxy
Song” é talvez a segunda mais lembrada do grupos atrás apenas de “The Bright
Side of Life”.
Menos ousado e mais esquemático que seus dois filmes anteriores,
e seguindo mais a linha de seu primeiro filme, The Meaning of Life é um final feliz para uma grande história, com
alguns escorregões é verdade, mas com um filme que corresponde e brinca com
tudo aquilo que nós queremos. O filme pode ser assistido hoje, mais de trinta
anos após seus lançamento e ver que suas críticas são pertinentes e sua eterna
pergunta, permanece até hoje. Afinal, qual o sentido da vida?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente com cuidado. Estamos de olho.