A
saga do Dr. Hannibal Lecter, personagem icônico criado pelo escritor
Thomas
Harris,
me atraiu desde o nosso primeiro contato há muitos anos quando o
conheci por indicação de uma colega, acompanha de uma assertiva
muito justificada: “leia, você irá gostar”.
Esta
minha primeira leitura não seguiu a ordem original de publicação
da série, e foi com Hannibal,
A Origem do Mal,
ou Hannibal
Rising que eu dava meus primeiros passos ao lado de um personagem que
posteriormente se tornaria um dos meus favoritos dentro da literatura
e do cenário cinematográfico, imortalizado pelo ator Anthony
Hopkins. Mas não é exatamente sobre o Dr. Lecter que viemos falar
hoje.
Will
Graham, o homem que mandara para a prisão o médico psicopata
Hannibal Lecter de O
Silêncio dos Inocentes,
é chamado de volta ao FBI para elucidar uma série de crimes
horripilantes em que a vítima é sacrificada após ter assistido à
morte do marido e dos filhos. Para decifrar o enigma, Graham,
considerado um paranormal por possuir aguçada percepção, vai até
a prisão onde está confinado o Dr. Lecter, mas o encontro se
transforma em um duelo de mentes geniais e ardilosas, que traduz a
própria essência da luta entre bem e mal.¹
Dragão
Vermelho, lançado
em 1981, é o primeiro romance trazido pelo autor com envolvimento do
personagem Hannibal, ainda que a trama não seja diretamente sobre
ele. Acompanhamos o ex-policial Will Graham, que é retirado da sua
tranquila aposentadoria para ajudar a solucionar uma série de
assassinatos executados por um sujeito que aparentemente não deixa
rastros. Graham, por ser o homem responsável pela captura do famoso
canibal Hannibal Lecter (aja coragem) parece ser o agente perfeito
para compreender a mente do novo criminoso. Particularmente, achei o
protagonista interessante do ponto de vista literário e também no
aspecto profissional dentro do seu universo: a sua “percepção
aguçada” leva o leitor a acompanhar as racionalizações e a
ligação de elementos desenvolvida por ele para tentar chegar a
pistas ocultas do que está de fato acontecendo. Além disso, existe
a relação muito bem construída pelo autor entre Graham e o seu
pior inimigo, colocado na prisão por ele mesmo: os diálogos entre
ele e Lecter são excitantes e produzem uma experiência de intenso
perigo pairando no ar.
Ainda
falando sobre Lecter, é válido ressaltar a impressionante
capacidade do personagem de “roubar a cena” mesmo em uma obra que
não trata necessariamente sobre ele; as cenas envolvendo seus
diálogos e ações chamam a atenção imediatamente, fazendo-nos
esquecer por um momento as perturbações causadas pelo misterioso
assassino oculto.
Chamando
a si mesmo de “O Dragão Vermelho” por motivos que serão
revelados na leitura, o assassino também recebeu um cuidado
habilidoso de Harris, e sua história ― um bom embasamento que nos
levará a compreender eventualmente muitas coisas sobre ele ― é
contada simultaneamente aos acontecimentos atuais da trama. O autor
foi capaz de intercalar ambas as linhas sem deixar a desejar. Este
aprofundamento também se aplica ao personagem Will Graham, o qual
tem a personalidade bem delineada, permitindo-nos acompanha-lo.
Oferecendo tanto a perspectiva do protagonista quanto a perspectiva
do “Dragão”, o autor trabalha a relação distante de Will e seu
novo oponente, como se ambos estivessem em contato de alguma maneira
e fossem semelhantes. Esse é um dos motivos que mais contribui para
o bom fluxo de suspense da obra, pois nunca sabemos qual será o
próximo passo dos mocinhos nem a próxima ação do sujeito maligno.
Sem
dúvida uma diversão e tanto para os nervos.
Brincadeiras
a parte, pessoalmente gostei do livro, e não tenho muitas
reclamações a fazer. Até onde a minha percepção (que não é tão
afiada quanto a do protagonista ou mesmo a de Lecter, infelizmente)
alcançou não há pontas soltas, e talvez existam elementos aqui e
ali que leitores com outra bagagem possam achar fora do lugar. Apesar
disso, a leitura é válida e oferece uma boa experiência: uma boa
história de suspense com bons personagens e um conflito contínuo;
ademais, qualquer visita ao Dr. Hannibal Lecter, para mim, nunca é
perda de tempo.
Todos os seus livros foram adaptados para o cinema, sendo a mais famosa adaptação o filme O Silêncio dos Inocentes, vencedor de 5 Oscar em 1991. **
*Sinopse retirada da contra-capa da edição da Editora Record.
** Biografia do autor retirada de: https://pt.wikipedia.org/wiki/Thomas_Harris
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