Poucos filmes despertam e interagem com o espectador em múltiplos
campos. No caso de Scarface você
passara pela política, pelo mundo do crime, pela heresia da traição, pela
luxuria de um homem poderoso, pela ética e pelas fraquezas do homem mais
poderoso. Guiando-o pela trajetória de Tony Montana, da ascensão até a
derrocada – Scarface é um dos
melhores filmes do seu gênero em todos os tempos.
A trama conta a história de Tony Montana - interpretado pelo lendário Al Pacino em uma atuação inspirada - um cubano que foi aos Estados
Unidos no inicio dos anos oitenta, sendo um exilado político de Cuba, já que o
mesmo era opositor do governo de Fidel
Castro. Tony adentra o mundo das drogas e do crime, e tem uma ascensão
criminosa dentro da gangue é meteórica. Ele se torna peça importante dentro da gangue,
até que os eventos do filme o fazem se tornar um opositor aos serviços da mesma
– que o destino que escolheu leve ele ao seu apogeu em pouco tempo, mas a sua
queda ainda mais meteórica que culmina em sua morte.
Tony tem uma personalidade forte e marcante, não tem papas
na língua para falar e não mede esforços para conseguir o que deseja. Possui
ainda personalidade violenta quando contrariado, mas mostra ética quanto a sua
família e tem o principio de não matar crianças e suas respectivas mães.
Entretanto demonstra um relacionamento de ciúmes excessivos quanto a sua irmã,
de forma quase incestuosa – e o personagem revela sentimento apenas uma vez,
quando pede Elvira (Michele Pfeiffer) em casamento, sendo
este o estopim para que o mesmo execute o seu antigo chefe e se torne um senhor
das drogas.
Al Pacino nos entregou um
personagem complexo, embora seja fácil definir Tony Montana em poucas palavras,
o personagem não é constante – e o filme mostra inteligência em nos mostrar o
que a maioria dos filmes não faz, não apenas revelando fraquezas, mas que Tony
molda seus sentimentos em seus próprios princípios. A atuação de Michele Pfeiffer, em um dos seus
primeiros filmes, é digna de nota – enquanto personagem é a única a bater de
frente com Tony. Outra atuação destacável é a de sua irmã – Gina, interpretada por Mary Mastrantonio – que mostra uma
personagem que vive sob a sombra e os cuidados exagerados de Montana.
A trilha sonora do filme se
divide em duas partes – as trilhas orquestradas que não se destacam muito, e as
músicas que se tornaram hits e alguns dos símbolos dos anos oitenta. As músicas
são aquelas que cansamos de ouvir na rádio flashback de Grand Theft Auto III, além de algumas que fazem a regra em festas
temáticas ou formaturas de faculdade. A trilha conta com Amy Holland, Paul Engemann
e Debbie Harry – não é pouco.
As cenas de ação são boas – e destaque
a para a sequência final, uma das melhores cenas de ação do cinema – e foram
até mesmo acusadas de sanguinolentas demais no seu lançamento. Por outro lado,
uma das poucas críticas possíveis ao filme é com relação a sua edição. O filme
possui algumas mudanças e transições abruptas, sem tomadas ou transições em
certos momentos, que podem tornar a coisa um pouco direta demais. Apesar disso,
não se engane, a fotografia do filme é absurdamente bonita – me parece que isso
foi mais um pequeno deslize de edição.
Scarface é um clássico inegável de seu tempo. As atuações
são magistrais e o seu protagonista é referência a qualquer filme do gênero –
talvez um dos mais referenciados desde os personagens de O Poderoso Chefão – e mesmo seus coadjuvantes foram competentes ao acompanha-lo.
Com poucos erros, com uma trama que o guiara por quase duas horas e quarenta de
filme e cenas de ação das mais bem executadas, o filme traz a mistura da
profundidade com ação tão cobrada nos dias de hoje, e que poucos atingem de
verdade. Scarface atingiu, e talvez seja melhor conhecer meu pequeno amigo.
Nota Final - 09/10
Por: Vitor Oliveira
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