SLIDER

  • O avô das viagens temporais
  • Antecipados e aguardados
  • Rick Deckard não é humano (!?)
  • Você já refletiu hoje?
  • A melhor versão da Ameaça Fantasma
  • Analisando um verdadeiro blockbuster
  • Muito mais que um clássico
  • O icônica mangá de Togashi!
  • O Metroidvania definitivo!
  • Lutas colossais e violência
  • Uma ótima aventura poligonal.

13 de fevereiro de 2016

Resenha - A Máquina do Tempo


Começa a semana nova e nada melhor do que uma dose de ficção científica de vez em quando para nos divertirmos e darmos uma refletida sobre o que ela tem a nos dizer; acontece que isso fica ainda melhor quando encontramos na mistura uma pitada de viagem no tempo e, de quebra, talvez a mãe de todas as viagens no tempo que já vieram a público.
Sim, amigos leitores e leitoras, eu estou falando do tão amado, discutido, controverso e teorizado H. G. Wells, cidadão responsável pelo magnífico e (atemporal) romance A Máquina do Tempo, que conta a história de um cientista que viaja para o futuro através de um engenho desenvolvido por ele e se depara com uma realidade um tanto diferente do que ele esperava.

“Foi às dez horas da manhã de hoje que a primeira Máquina do Tempo começou a sua carreira. Fiz uma revisão geral, apertei todos os parafusos, pus mais uma gota de óleo na alavanca de quartzo e me acomodei no assento. Creio que um suicida, ao encostar na testa uma pistola, sente a mesma curiosidade que eu experimentei naquele instante: o que iria acontecer em seguida?”

Texto retirado da contra-capa
É muito nítido para aqueles que me conhecem que sou um apreciador muito afetuoso do gênero ficção científica — bem como seus subgêneros e ramificações que hoje já vão longe — especialmente dentro da literatura, que tem frutos muito valiosos a nos oferecer. De modo que a minha maior expectativa frente à narrativa de Wells era a de conhecer avidamente todo o funcionamento da famosa máquina que viaja no tempo, compreender as suas características técnicas, visitar junto ao narrador-personagem cada pequeno detalhe da sua construção, para enfim embarcarmos todos juntos para uma aventura misteriosa e cheia de curiosidade, onde eu ficaria fascinado com tudo o que haveria de diferente e desconhecido.

Aconteceu, entretanto, que uma das partes dessa minha expectativa se mostrou recompensada, e a outra nem tanto.

O romance é relativamente pequeno e não pretendo entregar muito do enredo, mas o seu foco narrativo trabalha mais com a questão de onde o viajante irá desembarcar, e não exatamente como sua viagem funciona até lá. Wells, para surpresa de muitos leitores e revolta de outros, bem como de escritores de sua época (Júlio Verne o criticou avidamente) não oferece uma extensa explicação técnico-científica a respeito dos fundamentos de sua criação, abordando a arquitetura minuciosa e categórica sobre cada componente da máquina; uma ausência como essa dentro de um romance de ficção científica é às vezes vista como ponto negativo, uma suposta falha do escritor que para alguns leitores mais criteriosos pode causar certo desagrado.

Ainda que não recebamos essa explicação ao longo da narrativa, é necessário destacar que o autor nos recompensa em outros aspectos que surpreendentemente acabam por se mostrar mais importantes, considerando a direção tomada pela trama e quais são os pontos e questões que a história deseja tratar. Tal história, que é contada em dois pontos de vista diferentes — narrada pelo viajante do tempo e por um outro personagem — é recheada de revelações intrigantes, observadas através do protagonista que descreve suas experiências e as transmite ao leitor. É um ponto forte do texto a possibilidade de abrir a mente, criar novas perspectivas e dar atenção a fatores que ainda hoje são presentes em nossa sociedade.

“Com uma narrativa envolvente, H.G. Wells nos mostra a fabulosa jornada de um cientista inglês a um mundo futuro, desconhecido e perigoso. Acompanhamos suas descobertas, seu deslumbramento e o horror que, aos olhos do viajante, aos poucos se anuncia.”
Texto retirado da contra-capa

Assuntos como desequilíbrio social, conflitos entre nações, a capacidade da humanidade de destruir a si mesmo e a seu ambiente são expostas pelo autor no plano de fundo das aventuras do protagonista, que se vê diante de muitas novidades que certamente irão manter o interesse do leitor.

A própria trama da obra é divertida e envolvente, ainda que retrate a humanidade de uma maneira pessimista, ponto de vista esse que é muito reforçado pelo escritor. A curiosidade, a investigação, a descoberta de novas coisas, o mistério do que existe no desconhecido e agora acessível novo tempo são trunfos que o texto de Wells oferece com abundância. A Máquina do Tempo é um romance inovador e que transgride os limites das décadas e séculos que o seguem, tendo trazido um universo totalmente novo para o gênero ficção científica e garantido influência em inúmeros outros escritores posteriores. Seu potencial para descrever uma viagem no tempo que não envolve elementos fantásticos, apenas a tecnologia de um cientista sonhador, é um marco divisório que merece mérito e reconhecimento, sendo esta uma das fontes para a riqueza da obra.

“[...] O que poderia aparecer ali quando aquela cortina de névoa desaparecesse? O que teria acontecido aos homens daquele tempo? E se a crueldade tivesse se transformado num culto entre eles? E se naquele intervalo a nossa raça tivesse perdido a sua aparência humana e se transformado em algo inumano, hostil e esmagadoramente poderoso? Talvez eu parecesse a eles um animal selvagem de um mundo remoto, tornado ainda mais horrendo e repulsivo devido à nossa semelhança — uma criatura bestial que deveria ser morta de imediato.”
Parágrafo retirado da pág. 42

Título: A Máquina do Tempo (The Time Machine)
Autor: H.G. Wells
Ano: 1895
País: Inglaterra

Herbert George Wells, conheccido como H. G. Wells (Bromley, condado de Kent, 21 de setembro de 1866 — Westminster, Londres, 13 de agosto de 1946), foi um escritor britânico e membro da Sociedade Fabiana. Nos seus primeiros romances, inventou uma série de temas que foram mais tarde aprofundados por outros escritores de ficção científica e que entraram na cultura popular em trabalhos como A Máquina do Tempo, O Homem Invisível e A Guerra dos Mundos — chegou a discutir em obras do início do século XX questões ainda atuais, como a ameça de guerra nuclear, o advento de um Estado Mundial e a ética na manipulação de animais.
Á medida que envelhecia, Wells foi-se tornando cada vez mais pessimista acerca do futuro da humanidade, como é sugerido pelo título de seu último livro, Mind at the End of this Tether. É conhecido como pai da ficção científica.
Biografia adaptada de Wikipedia




Gostou do texto? Compartilhe! Elogios, críticas, sugestões e qualquer outro comentário podem ser feitos na sessão de comentários de cada post ou enviados para o e-mail lifebarcast@outlook.com.
Ainda não conhece o nosso podcast? O LifeBarCast, feito pela equipe do blog, sai quinzenalmente e discute temas variados em Literatura, Cinema, HQ/Mangá e Games. Não esqueça de baixar os episódios no nosso site e enviar seus comentários!






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente com cuidado. Estamos de olho.