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19 de dezembro de 2015

Análise - A Trilogia da Imaginação


Terry Gilliam não é exatamente o preferido dos executivos de Hollywood para guiar um projeto de cinema. Não entenda mal – Terry Gilliam é sem dúvida um dos melhores diretores vivos, e um dos mais geniais sem sombra de dúvidas. Entretanto seu estilo de dirigir, escrever e traçar os seus excelentes roteiros tornam suas obras complexas e pouco atrativas para o grande público. A trilogia da imaginação, que embora não tenha ligação direta entre nenhum dos filmes, foi um fracasso retumbante de bilheteria – mas um sucesso absoluto de crítica.

A trilogia teve o custo ao todo de sessenta e cinco milhões e rendeu apenas sessenta milhões – sendo que Time Bandits, o mais bem sucedido da trilogia, rendeu sozinho quarenta e dois milhões. O fracasso nas bilheterias fez com que a trilogia ficasse relegada a um público limitado, e ganhasse o status de filme cult. Antes de adentrarmos os três filmes, é importante citar e explicar: Como três filmes desconectados são considerados uma trilogia?

Na cabeça de Terry Gilliam, os três filmes estavam ligados a forma como eram vistos pelos personagens. O primeiro era visto pelos olhos de uma criança, o segundo pelos olhos de um adulto e o terceiro pelos olhos de um idoso. Por isso, pela forma inusitada de Gilliam de criar uma saga ela ganhou a alcunha de “Trilogia da Imaginação”.



- Time Bandits (1981)

O maior sucesso da trilogia é também o mais querido pelo público. O filme teve o oportuno momento de sair em meio aos blockbusters de verão, e conseguir uma bela bilheteria. O filme conta a história de Kevin, um jovem adorador da Grécia antiga e história em geral – e ele tem a oportunidade, de gaiato é verdade, adentrar e viajar pela história graças à ousadia de sete atrapalhados anões de roubaram o mapa do Ser supremo e que agora tem no encalço o Gênio maligno.


A produção conta com uma bela equipe, que inclui John Cleese, Sean Connery , Ralph Richardson, Ian Holm, Michael Palin e todos os anões famosos do cinema. Embora não seja perfeita em toda sua execução, é uma das mais fantásticas aventuras do cinema. Quase que totalmente livre de efeitos técnicos absurdos, e em tempos que universos eram fantásticos mesmo sem os excessivos CGI’s que perturbaram nossas retinas no meio dos anos 2000.

A trilha sonora conta com George Harrison, amigo de longa data de Gilliam, que compões a canção final do filme e ainda trabalhou por detrás das câmeras como produtor executivo do filme. Muito da produção – incluindo a parte financeira – foi ajudada por Harrison.


Por fim é seguro afirmar – da trilogia, o filme sem dúvida mais é o mais assertivo. Agrada crianças e adultos, e traz mensagens que o primeiro grupo talvez não compreendam na primeira vez, mas que certamente os farão pensar no futuro. Os Bandidos do Tempo é uma obra fantástica.

Nota: 09/10

- Brazil (1985)

Brazil é o meu filme favorito da trilogia, e um dos meus favoritos pessoais. Com tantas mensagens e coisas a se entender do filme – que pra nós do lado de cá do atlântico já começa com um belo questionamento: Porque o filme se chama Brazil? A resposta não é certa e muito tem a ver com a música tema do filme que é a “Aquarela do Brasil”, cantada na versão inglesa e bem executada durante o filme. Ao tempo de seu lançamento o filme parecia ser uma crítica a forma ditatorial vigente no país, e embora nada tenha sido de fato confirmado, muitas similaridades (com exageros) são vistas no filme.

O filme está contido em duas “trilogias”, a primeira é a que vos falamos hoje “A trilogia da Imaginação” e a segunda a chamada “Trilogia Distópica” que tem ainda “Doze Macacos” e “Teorema Zero”. Com um mundo de extremismos entre estado e burocracia, e com uma realidade que ainda é vista durante o filme – tal qual a destruição ambiental, um mundo dependente dos computadores e com grupos terroristas oposicionistas – Brazil certamente é um dos filmes mais críticos já feitos, e embora pareça difícil leva-lo a sério em certos momentos, é vital entender que o filme de fato só termina quando acaba. Não tire conclusões antes que de fato subam as letras.


Com atuação simplista, mas convincente de Jonathan Pryce, participação de Michael Palin e Robert DeNiro, o filme traz qualidades imbatíveis – e talvez alguns poucos defeitos. Ao menos para alguns, o filme poderá parecer maçante, são raras as cenas de ação e pode ser simplesmente assimilar o fato de que a ação não é o foco do filme. Embora a cena das invasões dos soldados e a fuga de caminhão sejam sequências bem produzidas. Com uma arte impecável – Brazil tem um dos pôsteres mais criativos e lindos do cinema – e uma trilha premiada pelas variações de “Aquarela do Brasil” (na versão inglesa Watercolor of Brazil).

Brazil é um dos filme que me faz amar o cinema. O filme é o que tem notas mais altas da trilogia.

Nota: 8,5/10

- The Adventures of Baron Munchausen (1988)

O ultimo filme da trilogia corresponde com outros. As notas são altas, o público assim como em Brazil não foi o esperado. O filme é o mais caro da trilogia, custou quase quarenta e cinco milhões e não rendeu mais do que dez. Apesar disso, o filme segue a linha de Gilliam – dessa vez é narrado por um homem velho. O filme é sitiado historicamente pelo real barão Munchausen que lutou – assim como no filme – contra os turcos e o império otomano.


A história embora seja histórica tenta em parte resgatar o espirito do primeiro filme, com um tom mais aventureiro – talvez para recuperar o apelo comercial perdido com Brazil -  e mais divertido comparado ao filme anterior, o filme consegue convencer o espectador de que dessa vez teremos menos mensagens a ser passadas, apenas uma doce aventura. Um belo engano, o filme continua a trazer o seu lado mais romântico e de críticas as formas de governo e de guerra. A herança de Terry Gilliam (que já havia experimentado tais críticas com Monty Python).


O Barão de Munchausen é o filme que menos gosto da saga – embora esteja longe de ser ruim. Narrado de forma muito competente, e nesse ponto sem dúvida é o mais bem narrado de toda a trilogia, o Barão e sua extravagante capa encerraram a trilogia. Quando o terceiro capítulo não nos agrada tanto, estamos habituados a classifica-los como “dignos” ou “indignos” de fechar uma bela saga. As Aventuras do Barão Munchausen  não é digno, pois está longe de estar abaixo dos outros, o nível certamente é o mesmo. A trilogia desperta diferentes sentimentos em quem os assiste – Amar Brazil, Odiar Time Bandits, Odiar Brasil e amar todos. Competência eu prefiro dizer.
08/10

- And Now for Something Completly Different...


O veredicto é simples – A Trilogia da Imaginação  é incrível. Verdade seja dita, não é para todos os gostos, mas é para os que não querem simplesmente um blockbuster de verão ou um triste solavanco no estômago ao assistir os suspenses baseados em trilhas sonoras, escapar dos CGI’s absurdos e descansar os olhos. 

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